O Uso abusivo de drogas constitui um dos problemas que mais afligem a sociedade contemporânea, sendo hoje considerada uma epidemia.
O uso de drogas que alteram o estado mental, chamadas de substâncias psicoativas (SPA), acontece há milhares de anos e muito provavelmente vai acompanhar toda a história da humanidade. Quer seja por razões culturais ou religiosas, por recreação ou como forma de enfrentamento de problemas, para transgredir ou transcender, como meio de socialização ou para se isolar, o homem sempre se relacionou com as drogas
Essa relação do indivíduo com cada substância psicoativa pode, dependendo do contexto, ser inofensiva ou apresentar poucos riscos, mas também pode assumir padrões de utilização altamente disfuncionais, com prejuízos biológicos, psicológicos e sociais; que afeta, direta ou indiretamente, a qualidade de vida de todo ser humano.
A Dependência caracteriza-se por modificações de comportamento na vida do dependente. Uma das principais é um desejo irresistível (compulsão - vontade intensa, desconfortável e incontrolável / obsessão – idéia repetitiva e obcecada de consumir drogas sem considerar as consequências) e necessidade de realizar o uso imediato da substância.
O dependente apresenta vários insucessos consecutivos em suas tentativas de parar e geralmente ele usa por mais tempo que o programado ou em quantidades maiores do que o planejado, sua busca obsessiva é para encontrar os efeitos psíquicos iniciais do uso de drogas e tão desejados como euforia, prazer intenso, alterações na percepção, sensação de poder e força, etc.
Há um abandono de suas atividades diárias e a priorização no uso da substância. O dependente passa a viver em função da droga e para, então, conseguir mais drogas.
Um dependente frequentemente apresenta complicações no seu funcionamento mental:
• Dificuldade de concentração,
• Falta de interesse por assuntos acadêmicos e da vida cotidiana,
• Alterações de memória como lapsos e dificuldade em assimilar novas informações,
• Dificuldade de expressão oral,
• Problemas de comportamento que variam da extrema apatia à violência física e agressividade,
• Oscilações do humor,
• Comportamentos extremos principalmente quando sob efeito da substância ou em sua abstinência.
• Paranóia e ideias de perseguição, alucinações visuais e auditivas, principalmente no uso prolongado e intenso.
• Prejuízos da capacidade de julgamento,
• Estado de insônia, ansiedade e depressão.
Tudo isso afeta, inclusive, a vida social do indivíduo; visto que este deixa de participar da vida em sociedade, ele ainda pode adquirir comportamentos violentos com tendências criminosas, entre outros aspectos.
Clínica dependente químico – O Diagnóstico da dependência química
A Dependência de substâncias psicoativas é diagnosticada como doença mental pela CID10/ OMS, sendo chamada de Síndrome de Dependência, sendo necessário tratamento adequado.
Dependência - É um estado psíquico e ou físico resultante da interação de um organismo vivo e uma droga, caracterizado por um conjunto de respostas comportamentais que incluem a compulsão a consumir a substância de forma continuada, com o fim de experimentar seus efeitos psíquicos ou de evitar o desconforto que sua falta ocasiona. O uso indevido de drogas não pode ser definido apenas em função da quantidade e frequência. Portanto, segundo a OMS, para alguém ser considerado dependente é necessário que sejam observados pelos menos três dos seguintes sinais:
• Forte desejo ou compulsão de consumir drogas;
• Dificuldades em controlar o uso;
• Uso de substâncias psicoativas para atenuar sintomas de abstinência, com plena consciência desta prática;
• Estado fisiológico de abstinência;
• Evidência de tolerância, quando o indivíduo necessita de doses maiores da substância para alcançar os efeitos obtidos anteriormente com doses menores;
• Estreitamento do repertório pessoal de consumo, quando o indivíduo passa, por exemplo, a consumir drogas em ambientes inadequados, a qualquer hora, sem motivo especial,
• Diminuição do interesse por outros prazeres e aumento do interesse em relação ao uso de drogas;
• Insistência em usar drogas, apesar dos danos comprovados em consequência deste uso;
• Rápida reinstalação do padrão de consumo, após um período de abstinência.
A experiência com o tratamento da dependência é que, quando aceitamos que é uma doença biopsicossocial sobre a qual somos impotentes, tal aceitação fornece uma base para a recuperação através de tratamentos especializados.